Evilásia de Sales Corsi
Há 60 anos, nossa terra – ainda, engatinhava, no seu desenvolvimento – foi sacudida por um crime bárbaro. Um homem casado, nutre um amor doentio, por uma moça, de 17 anos, de uma beleza estonteante. Dizem os mais velhos, que a conheceram, que foi uma das moças, mais bonita, de Ipuiuna, em todos os tempos. Era morena, cor de jambo, olhos verdes, de corpo esbelto, com sorriso meigo e cativante. Chamava-se Evilásia. O homem casado insistia e, ela, recusava. Um dia – triste dia – ele, ficou sabendo que a moça, que povoava seus sonhos proibidos, ia visitar seus parentes, pelos lados do Espraiado. Ela estava na companhia de seu irmão. Saiu, atalhando o caminho, pelo Canelá e alcançou a moça, nas águas que davam o nome ao Bairro, que fica onde, hoje, tem uma ponte, na encruzilhada da estrada que vai para o Itacolomi.
Ele, o homem casado, alcança os dois – Evilásia e seu irmão – atravessando essa água espraiada e mais uma vez, fez tentativa, de ter a atenção da moça. Nada, ela continuava repelindo esse amor descabido. Ele, desesperado, não suporta a recusa e atira na moça, matando-a, imediatamente atira no irmão dela, que se chamava Gérico, ferindo-o também. Este, que portava uma espingarda, porque na época todo mundo andava com uma espingarda, principalmente na zona rural, ferido, consegue levantar a espingarda e atira, matando o assassino de sua irmã. Dois corpos, inanimados, boiavam, nas águas espraiadas. De uma moça, que deu sua própria vida, para defender sua pureza. De um homem, casado, transtornado por um desejo doentio, impuro e sem nenhuma correspondência. O outro, Gérico, ferido, ensanguentado, sem poder mover-se, via aquela cena trágica, mas com a tranquilidade do dever cumprido, de defender a honra de sua irmã. O corpo do assassino da moça foi transportado para Ipuiuna e ficou na cadeia e depois transportado para o cemitério. Ela teve um sepultamento, com grande acompanhamento, quando o povo que a levava, para a última morada, não acreditava no terrível acontecimento. Gérico foi processado e no Júri, absolvido. Pouca gente, conhece essa história, que precisa ficar registrada, para homenagear essa moça, Evilásia , que permanece na nossa história, depois de 60 anos, por sua beleza e formosura.